Finalmente

Passei em S. Bento e, do lado Sul da Estação, vi guindastes e obras em curso. Depois de meses ou anos de polémicas, opiniões, pareceres e críticas sobre a construção do Mercado Time Out naquele local, vemos o projecto avançar. Finalmente.
Em tempos recuados ia com frequência aos armazéns da Estação, na Rua da Madeira, onde levantava encomendas, trazidas do Douro ou de Alfarelos, pelo comboio. Desde a perda dessa utilidade ferroviária, passei a considerar o local, juntamente com o do lado da Rua do Loureiro, como inúteis para a sua envolvência, estética e arquitectonicamente indignos da qualidade do edifício de S. Bento que, de resto, nunca chegou a ser construído em toda a extensão, até ao morro do túnel (outra discrepância construtiva é visível na notável cobertura das gares, que remata muito antes do túnel).
De qualquer forma, ainda bem que o espaço dos armazéns dará origem a algo que valorize social, económica e culturalmente a Baixa do Porto (tal como sucedeu noutras cidades). E talvez possa constituir o motor para o renascimento e a requalificação da magnífica Rua do Loureiro, assassinada pelo despovoamento e a extinção forçada do comércio que a caracterizava.
Ainda bem que a obra avança e possa regenerar o degradado edifício da antiga Fábrica de Guarda-Sóis, nas traseiras de Cimo de Vila. E que, do lado Norte da Estação, surja um ermpreendedor com imaginação para transformar aquele buraco disfuncional da Rua da Madeira, em algo que qualifique estes espaços de um Porto perdido no passado que passou e se há um século constituía o melhor possível, hoje nos envergonha.

~ por Helder Pacheco em 2023-12-24.